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Joan Didion e o ato de escrever... ou não escrever

Guilherme Dearo

A famosa escritora americana (1934-2021) falou um pouco sobre o ato da escrita em "Let Me Tell You What I Mean"



I. Escrever é, em muitos aspectos, o ato de dizer “eu”, de se impor em relação a outras pessoas, de dizer me escute, olhe para isso do meu jeito, mude de ideia. É um ato agressivo, até mesmo hostil.


II. Tudo o que sabia, naquela época, era o que eu não era, e levei alguns anos para descobrir o que eu era. Eu era uma escritora.


III. Vou contar a vocês uma coisa a respeito de por que escritores escrevem: se eu soubesse a resposta para alguma dessas perguntas, eu nunca teria precisado escrever um romance.


IV. Uma peculiaridade de ser escritor é que o trabalho em si implica a humilhação mortal de ver suas próprias palavras impressas. O risco de ser publicado é o acontecimento mais sério da vida (...).


V. “Se fala demais, você perde um pouco desse mistério”, disse Robert Mapplethorpe a um entrevistador da BBC que queria conversar sobre o seu trabalho. “Você quer conseguir apreender a magia do momento. Esse é o barato de fotografar. Você não sabe por que está acontecendo, mas está acontecendo.”


VI. “Os detalhes literais da escrita”, disse Norman Mailer certa vez a um entrevistador, “envolvem a própria fisiologia ou metabolismo. Você começa de pé e tem que acelerar a si mesmo até chegar ao ponto em que o cérebro começa a funcionar, onde as palavras estão chegando — bem, e em ordem. Toda escrita é gerada por um mínimo de ego: você precisa assumir uma posição de autoridade para dizer que a maneira como estou escrevendo é a única maneira como isso aconteceu. O bloqueio do escritor, por exemplo, é simplesmente um fracasso do ego.”


Destaques de "Vou Te Dizer o que Penso", de Joan Didion. Harper Collins Brasil, 2023. Trad. Mariana Delfini.

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