Patti Smith, Luigi Ghirri: habitar o espaço
Atualizado: 28 de jun.
Patti Smith em "Linha M" , sob algumas fotos de Luigi Ghirri
A artista Patti Smith (Chicago, 1946) escreve em M Train (2015). Luigi Ghirri (Itália, 1943-1992) fotografa seu país a partir dos anos 1970.
Ela escreve revisitando um tempo quando "seus filhos eram pequenos e 'as coisas que toquei viviam'". Ele registra "modos de viver, habitar e perceber o espaço".
1. Será que o tempo é ininterrupto? Só abrange o presente? Será que nossos pensamentos são apenas trens passageiros, sem paradas, destituídos de dimensão, zunindo com grandes cartazes de imagens repetidas?
2. Se eu escrever no presente, com digressões, ainda será em tempo real? (...) Se eu escrever sobre o passado enquanto lido simultaneamente com o presente, ainda estou em tempo real? Talvez não exista passado sem futuro, somente um perpétuo presente contendo trindade da memória.
3. Desejamos coisas que não podemos ter. Tentamos conservar certos momentos, sons, sensações. Quero ouvir a voz da minha mãe. Quero ver meus filhos ainda crianças. Mãozinhas pequenas, pés ligeiros. Tudo muda. Garoto crescido, pai morto, filha mais alta que eu, chorando por causa de um sonho ruim. Por favor, fiquem aqui para sempre. Não cresçam.
Fotos: 1. Módena, 1973; 2. Marina de Ravena, 1986; 3. Módena, 1973.
Linha M: Companhia das Letras, 2016. Tradução para o português de Claudio Carina.
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