top of page

Why? (The King of Love Is Dead)

Guilherme Dearo

Uma noite com Nina Simone



O rei está morto. A música “Why? (The King of Love is Dead)” aparece pela primeira vez três dias após o assassinato de Martin Luther King, em 4 de abril de 1968.


Gene Taylor, baixista de Nina Simone, escreve a canção que presta uma homenagem a King imediatamente após ouvir a trágica notícia.


Na Westbury Music Fair, em Nova York, Nina apresenta a composição inédita para o público. A gravação ao vivo daquele dia aparece na coletânea “Forever Young, Gifted & Black: Songs of Freedom and Spirit” — reunião de músicas pungentes de teor político e de protesto, todas cantadas por Nina.


Em meio a essa e outras músicas, ela discursa ao público sobre política, a situação dos negros, a violência nos EUA e, também, sobre esperança.


A transcrição a seguir traz um desses momentos de conversa, durante a apresentação de “Why? (The King of Love is Dead)”. A fala é de Nina.


[7 de abril, 1968, três dias após o assassinato de Martin Luther King]


Uma música escrita para o dia de hoje, para este momento. Para o doutor Martin Luther King. Uma música sobre ele, para ele.


Mais de um ano atrás, Lorraine Hansberry nos deixou. Ela era uma amiga querida.


Langston Hughes nos deixou. Coltrane nos deixou. Otis Redding nos deixou… podemos continuar com a lista. Vocês se dão conta do quanto nós perdemos?


(Silêncio. Suspiro. Uma nota no piano.)


Isso nos traz de volta à realidade, não é mesmo?


Não perdemos performances. Não perdemos microfones. Nada dessa merda.


Estou falando das nossas almas gêmeas. Perdemos muitos deles nos últimos três anos.


Mas ainda temos Monk…. (da plateia: Miles!)… Miles…


(Da plateia, um homem: Nina!!)


(Risos. Aplausos.)


Eu amo vocês também…


Por quem resistiu e ainda vive somos agradecidos… mas não podemos ter mais perdas… ó não! Meu Deus…


Estão nos matando, um por um. Não se esqueçam disso. Porque eles estão.


Nos matando um por um.


O que tenho para dizer: aqueles de nós que sabem como proteger aqueles que amam, fiquem juntos!


Não podemos ter mais perdas…


“But he had seen the mountaintop

And he knew he could not stop”



0 visualização

Comments


© Guilherme Dearo 2025 — "dentro da noite veloz"

bottom of page